Uma capacitação realizada em parceria entre a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) e o Instituto Eldorado teve seus resultados apresentados na quinta-feira (5), no Tecnopuc, em Porto Alegre. Com o tema “Proibição do uso do celular nas escolas: surgiram ou existem problemas sobre isso?”, professores da rede pública desenvolveram projetos com o objetivo de reduzir os efeitos negativos da ausência dos smartphones no ambiente escolar.  

A iniciativa foi realizada por meio do programa Educar para Inovar. A Sict foi responsável por desenvolver toda a capacitação, selecionar as escolas e professores participantes, além de acompanhar de perto o andamento do projeto, que foi conduzido pelo Instituto Eldorado. 

Participaram da capacitação 26 educadores, vindos de quatro municípios. Os professores foram divididos em equipes organizadas por cores: azul, verde, roxo, laranja e vermelho. Cada grupo desenvolveu uma proposta. Como diferencial deste treinamento, a abordagem didática se destacou por ser inovadora e participativa. A mentora Maria Beatriz Ardinghi utilizou metodologias ativas para trabalhar com solução de problemas em um mundo complexo, mesclando elementos de abordagens como o challenge based learning e o design thinking. 

A equipe azul propôs o uso do jogo interativo Just Dance nos horários de intervalo e durante a Semana do Brincar, promovida pela escola. A proposta estimula a movimentação dos estudantes e fortalece os laços entre colegas. Além de proporcionar momentos de lazer, a iniciativa foi percebida como uma ferramenta de inclusão, ajudando na socialização e até na superação da timidez. 

O grupo verde, sob o nome “Quando o silêncio pediu voz?”, desenvolveu uma rádio escolar com programação diária e comandada pelos próprios alunos. A rádio inclui músicas, entrevistas, avisos e podcasts, sempre sob a supervisão dos professores.  

Maurício da Silva, professor de informática da Escola Municipal Prudente de Moraes, de Capão da Canoa, acompanhou o desenvolvimento da proposta e destacou o protagonismo estudantil: “Os alunos realmente se apropriaram do projeto. Eles criaram pautas, roteiros, locução, e já começaram a pensar em desdobramentos, como a produção de podcasts e até a criação de uma equipe audiovisual para gerenciar as redes sociais da escola.” 

Também com foco na comunicação, o grupo laranja criou uma segunda proposta de rádio escolar, com músicas, avisos, brincadeiras e até um show de talentos. A ação despertou o interesse dos estudantes por atividades criativas e, segundo os professores, alguns deles já consideram seguir carreira na área de comunicação. 

A equipe roxa investiu na criação de um espaço de convivência, chamado Oásis de Pallets, utilizando materiais doados por comércios locais. O local, montado com paletes reaproveitados, oferece assentos, mesas, música e acolhimento nos intervalos. A proposta promoveu maior integração entre os alunos de diferentes turmas e já prevê uma expansão, com a criação de uma horta, espaço de jogos, pingue-pongue e atividades manuais.  

Para Anelise Becon da Cunha, professora do curso técnico de Design de Interiores da Escola Estadual Técnica Ernesto Dorneles, de Porto Alegre, a experiência com a capacitação foi decisiva: “Entrei curiosa pelo tema, mas saí entusiasmada e já aplicando o que aprendi. A metodologia nos mostra como usar ferramentas simples para gerar engajamento real dos alunos, além de nos dar coragem para experimentar novos caminhos na prática pedagógica.” 

Fechando as apresentações, o grupo vermelho criou a Caixa Misteriosa, com objetos variados que os alunos podem explorar livremente durante os intervalos. A proposta, voltada especialmente para os anos iniciais, promove o desenvolvimento sensorial e incentiva a interação entre os estudantes. A expectativa é ampliar o projeto para os alunos de séries mais avançadas, que poderão atuar como tutores dos colegas mais novos, fortalecendo vínculos entre diferentes faixas etárias. 

Programa Educar para Inovar 

O programa, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação, tem como foco capacitar professores como mentores em novas metodologias de ensino, incentivando o protagonismo dos alunos e o desenvolvimento de habilidades essenciais para o futuro, como pensamento crítico, empatia e tomada de decisão. A iniciativa promove a criação de redes colaborativas, articula parcerias com instituições públicas e privadas, reconhece boas práticas nas escolas e realiza visitas a centros de inovação e pesquisa. Com isso, busca transformar a educação por meio da inovação e do engajamento dos diversos atores envolvidos.